Jacinto Oliveira e sua bicicleta "excêntrica"
 JACINTO OLIVEIRA E SUA BIke “EXCÊNTRICA”
Uma bicicleta de rodas ovais, que anda como se os aros fossem iguais aos dos restantes velocípedes, uma invenção inédita a nível mundial, foi revelada pela primeira vez ao público no Festival Bike Portugal, em Santarém.
O inventor do sistema, colocado nos eixos das rodas, que anula o sobe e desce dos aros em forma de ôvo, é um empresário de Ponte de Sôr com “gosto pelas coisas diferentes”, como confessou, que se vinha confrontando com a pergunta para a qual decidiu encontrar resposta: “Porque tem a roda que ser redonda” e não pode ter outra configuração para ser funcional.
A resposta deixou espantados os primeiros visitantes da 11.ª edição do certame que abriu na sexta-feira em Santarém, no primeiro dia destinado apenas a profissionais até às 17:00 horas. Afinal de contas, parece uma segunda edição do ovo de Colombo.
Alguns dos dez protótipos das bicicletas que Jacinto Oliveira, 73 anos, trouxe a Santarém, numa autêntica estreia mundial, não chegaram às encomendas de quem queria experimentar e certificar-se de que as rodas ovais podem ser tão comodas como as que têm um diâmetro perfeito.
E até com vantagens em situações de passeio, já que, se nos tradicionais velocípedes o esforço para andar é constante, com os aros ovalizados há dois momentos numa volta completa em que a força necessária para se deslocar é menor, pelo que “diminui a fadiga” do ciclista, assegurou o “inventor com conhecimentos de engenharia”, como se apresenta Jacinto Oliveira. Excluída, está, aparentemente, o uso em competição, por não ultrapassar a velocidade de 25 quilômetros/hora.
A comprovação da vantagem no uso lúdico foi entregue à Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa, através de um protocolo que irá avaliar prós e contras da bicicleta.
Para provar a eficácia da sua invenção, que está toda dentro dos cubos das rodas, já que o resto do equipamento é, quase na totalidade, comum à mais vulgar das bicicletas, outro protótipo foi desenvolvido de modo a possibilitar a desativação do sistema e permitindo ao utilizador deslocar-se ao ritmo do sobe e desce das rodas ovais.
A opção por adaptar o conceito à bicicleta e não a outra máquina qualquer é justificada por ser a forma mais simples de provar que era possível pôr o conceito em prática.
Equipamentos agrícolas, mas também militares podem tirar vantagens da invenção, assegura Jacinto Oliveira, que começou a desenvolver a ideia há três anos.
Para já, o passo primeiro é colocar à disposição do público uma “bicicleta excêntrica e anti-paradigma” de “concepção e fabrico 100 por cento português” que se irá chamar Elip.
Os custos do velocípede, se entrar em fase de produção industrial, não deverá ser superior em mais de 10 por cento relativamente a uma bicicleta tradicional com com componentes do mesmo nível.
Antes de revelar a sua invenção – resultado de um projeto apoiado pelo programa Inalentejo, do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) – fez questão de sujeitar um protótipo aos ensaios dos laboratórios de certificação da Abimota, a associação de industriais de Águeda, onde passou “com distinção” em todos os testes para verificar o cumprimento das normas internacionais necessárias para certificar bicicletas.
Agora, o empresário do norte alentejano, proprietário da empresa de metalomecânica Autoforese, vai ficar a aguardar reações ao seu trabalho por parte de investidores interessados em adaptar o conceito a outras máquinas.

M.M.